Infelizmente, na Endodontia, não existe uma normativa que regule a nomenclatura endodôntica. Cada escola acaba por adotar um nome ou conceito diferente para explicar um mesmo procedimento.
Dando continuidade às publicações dos conceitos e definições que adotamos para melhor compreensão das postagens, hoje iremos abordar conceitos que se referem à Conicidade ou "Taper" dos instrumentos endodôntico e a qual sua influência nas técnicas de preparo para que tenhamos efetividade na nossa instrumentação.
Conicidade.
Definição:
O desenvolvimento de sistemas que utilizam instrumentos endodônticos fabricados em Níquel Titânio ( Ni-Ti ) incorporou uma nova tecnologia na confecção das limas que passaram a ser desenvolvidas por método de usinagem e não mais pela torção. Essa nova técnica possibilitou a fabricação de instrumentos com conicidades que podem variar de 0,02 mm/mm a 0,12 mm/mm, dependendo do fabricante, diferente das limas manuais fabricadas em aço-inoxidável que apresentam apenas conicidade 0,02 mm/mm. Dessa forma, conicidade é a alteração do diâmetro ao longo do comprimento da porção ativa ou haste helicoidal" do instrumento, conferindo à lima um formato cônico.
Então um instrumento de 0,02 mm/mm significada que a cada milimetro que subimos no instrumento o seu diâmetro aumenta 0,02mm por exemplo se a ponta de instrumento tem 0,30 mm de diâmetro um milimetro aquém terá 0,32mm de diâmetro, dois milimetro aquém será de 0,34 mm ( 0,30mm do diâmetro da ponta mais 0,02mm do primeiro milimetro mais 0,02 mm do segundo milimetro somando chega a 0,34 mm).
Como é a variação da conicidade dos instrumentos?
Importância:
Limas que apresentam grande conicidade, agem nas paredes do canal radicular em pequenas porções, diminuindo a área de contato entre o instrumento e a dentina. A redução da superfície de contato concentra as forças sobre uma menor área de dentina radicular, aumentando a eficiência de ação do instrumento. Instrumentos de maior conicidade devem limitar-se às porções retas ou em curvaturas suaves do conduto radicular. Já os de menor conicidade devem ser utilizados nas curvaturas mais acentuadas. Isto porque a flexibilidade é reduzida na proporção de aumento da conicidade. Sempre durante a inserção dos instrumentos, deve-se trabalhar progressivamente terço a terço (Neutralização progressiva) sob constante irrigação a cada troca de lima.
Critérios para seleção e utilização de instrumentos com conicidade.
As informações sobre as características anatômicas do canal radicular e conhecimento das configurações (designer, tipo de liga, conicidade, cinemática de instrumentação) dos instrumentos, pode nos dar maior segurança e efetividade na condução do preparo biomecânico.
Antes de se utilizar os instrumentos de qualquer sistemas automatizados, aconselha-se, através da observação da imagem radiográfica, analisar a anatomia do conduto a ser tratado, em especial diâmetro anatômico (confirmado com a determinação da lima apical inicial), presença e intensidade de curvatura.
Em se tratando do diâmetro anatômico, deve-se verificar a relação existente entre o diâmetro anatômico do canal e a conicidade e diâmetro da ponta do instrumento. O sistema de instrumentação utilizado deve ser compatível com a ampliação determinada a partir da lima apical inicial para melhor limpeza e remoção adequada de dentina contaminada.
A identificação do tipo e intensidade da curvatura, nos solicita maiores cuidados, uma vez que o "stress" e a fadiga causados sobre o instrumento são maiores, possibilitando maiores erros operacionais como incidência de fraturas. Além da realização de um Glide Path eficiente, a seleção do sistema, em casos de curvatura acentuada ou tripla curvatura é imprescíndivel. Quanto maior a conicidade, mais resistente o instrumento se apresenta, devendo então selecionar o sistema, baseando-se, então, também nas configurações da lima (designer e tipo de liga) que podem torná-la mais flexível e capaz de transpor a dificuldade oferecida pela anatomia.