Neofile é a lima do endodontista ?
No mercado, existem várias limas com alta flexibilidade e resistência à fadiga cíclica. Entre elas, destaca-se a NEOFILE, produzida por eletroerosão, as limas produzidas pelo processo de eletroerosão apresenta uma resistência à fadiga cíclica cerca de 700% superior às ligas NiTi CM.
A tecnologia EDM, também conhecida como eletroerosão, envolve o uso de descargas elétricas para moldar e afiar o material da lima. Esse processo cria uma superfície microestruturada e uma geometria específica que melhoram significativamente a resistência e a flexibilidade do instrumento.
Benefícios da Tecnologia EDM:
Maior Resistência à Fadiga Cíclica: A microestrutura resultante do processo EDM proporciona uma resistência muito superior à fadiga cíclica, reduzindo o risco de fraturas durante o uso em canais radiculares curvos e complexos.
Melhor Flexibilidade: As limas fabricadas com EDM apresentam maior flexibilidade, permitindo uma adaptação mais precisa às curvaturas dos canais radiculares sem comprometer a integridade estrutural da lima.
Superfície Uniforme: O processo de eletroerosão cria uma superfície mais uniforme e suave, o que contribui para uma melhor limpeza e conformação do canal radicular.
Aplicações da Lima NeoFile:
Canais Radiculares Curvos: Devido à sua alta flexibilidade e resistência à fadiga cíclica, a NeoFile é especialmente indicada para o tratamento de canais radiculares com curvaturas acentuadas.
Eficácia no Preparo do Canal: A geometria e o design da lima permitem uma remoção eficiente da dentina infectada, facilitando a conformação do canal radicular com segurança e precisão.
Versatilidade: Pode ser utilizada em diversas etapas do tratamento endodôntico, desde a exploração inicial até a finalização do preparo do canal.
Dados do Caso:
Paciente: Sexo feminino
Dente tratado: 17 (primeiro molar superior)
Detalhes dos canais:
Canal Palatino: Lima apical inicial 20 com curvatura reta.
Canal Disto-Vestibular: Lima apical inicial 10, com curvatura moderada.
Canal Mésio-Vestibular: Lima apical inicial 10, curvatura acentuada, nos últimos 5mm..
1. Diagnóstico e Planejamento.
Avaliação Clínica e Radiográfica:
O primeiro passo é uma avaliação clínica minuciosa, incluindo exame visual, testes de sensibilidade (pulpar e periapical) e análise de radiografias periapicais e panorâmicas. Esses exames ajudam a confirmar o diagnóstico de pulpite irreversível ou necrose pulpar e a identificar a anatomia dos canais radiculares, presença de curvaturas e outras particularidades anatômicas.
Planejamento do Tratamento:
Com base na avaliação inicial, é elaborado um plano de tratamento detalhado, considerando as particularidades anatômicas do dente 17 e a complexidade dos canais.
Nas imagens acima (arraste para o lado), podemos observar uma curvatura extrema na raiz mésio-vestibular. A análise radiográfica revela uma curvatura acentuada com um raio de curvatura pequeno, o que requer o uso de uma lima com alta resistência à fadiga cíclica.
Portanto, para essa raiz, a escolha mais indicada é o uso da NeoFile nos canais vestibulares. Já para o canal palatino, foram utilizadas as limas Race Evo.
2. Acesso Cavitário:
Anestesia: A anestesia local é administrada para garantir o conforto do paciente durante o procedimento. A técnica infiltrativa é comum no maxilar superior.
Isolamento do Campo Operatório: A colocação do dique de borracha é crucial para manter o campo operatório livre de saliva e micro-organismos, proporcionando um ambiente seco e estéril.
Abertura Cavitária: O acesso cavitário é realizado com brocas específicas (broca esférica) para criar uma abertura suficiente que permita a localização e instrumentação dos canais radiculares.
3. Localização e Instrumentação dos Canais:
Exploração e Localização dos Canais: Utilizando limas de exploração (geralmente limas 08 ou 10), os canais radiculares são localizados. A busca cuidadosa é fundamental para evitar a perfuração do assoalho da câmara pulpar.
Determinação do Comprimento de Trabalho: O comprimento de trabalho de cada canal é determinado utilizando um localizador apical eletrônico e confirmando com radiografias periapicais. Este comprimento é crucial para evitar a subinstrumentação ou sobreinstrumentação dos canais.
4. Preparação dos Canais
Canal Palatino:
Lima Apical Inicial: A lima 20 é introduzida para explorar e determinar a permeabilidade do canal.
Lima Memória: A lima memória 50/04 indica a maior dimensão que o canal palatino pode suportar sem causar danos.
Sequência de Instrumentação com Limas Race Evo: A sequência 25/06, 35/06 e 50/04 é utilizada para alargar progressivamente o canal, garantindo a remoção completa do tecido pulpar e da dentina infectada.
Canal Disto-Vestibular:
Lima Apical Inicial: A lima 10 é utilizada para a exploração inicial.
Lima Memória: A lima 30/04 é a maior dimensão alcançada neste canal.
Sequência de Instrumentação com Limas Neofile: A sequência 20/04, 20/06, 25/06 e 30/04 é utilizada para alargar o canal, garantindo a remoção eficaz do tecido pulpar.
Glide Path: Antes da instrumentação principal, é utilizado o instrumento R-Pilot para criar um caminho desobstruído e suave no canal, facilitando a passagem das limas subsequentes.
Canal Mésio-Vestibular:
Lima Apical Inicial: A lima 10 é utilizada para a exploração inicial.
Curvatura Acentuada: A curvatura acentuada do canal mésio-vestibular apresenta um desafio adicional. Técnicas de instrumentação cuidadosas e a escolha de limas flexíveis são cruciais para evitar fraturas de instrumentos.
Sequência de Instrumentação com Limas Neofile: A sequência 20/04, 20/06, 25/06 e 30/04 é utilizada para alargar o canal, garantindo a remoção eficaz do tecido pulpar.
Glide Path: A lima R-Pilot é usada inicialmente para criar um caminho suave e contínuo, facilitando a instrumentação subsequente.
5. Irrigação dos Canais
Irrigação Inicial: Durante a instrumentação, soluções irrigantes como hipoclorito de sódio a 5,25% (terço cervical e médio) e 2,5% (terço apical) são utilizadas para desinfecção dos canais. O hipoclorito de sódio ajuda a dissolver tecido orgânico e a remover debris.
Irrigação Final: Após a instrumentação, EDTA (ácido etilenodiamino tetraacético) é utilizado para remover a smear layer e abrir os túbulos dentinários, permitindo uma melhor penetração do selador ou uso do ultrassom.
6. Secagem dos Canais
Secagem dos Canais: Cones de papel absorventes são utilizados para secar completamente os canais após a irrigação. A secagem adequada é crucial para o sucesso da obturação, prevenindo a formação de bolhas de ar e garantindo um selamento hermético.
7. Obturação dos Canais
Técnica de Cone Único: Utiliza-se cones de guta-percha calibrados para obturar os canais. Esta técnica é rápida e eficiente, especialmente quando combinada com um selador de qualidade.
Selador Endodôntico: O Sealapex é aplicado como selador endodôntico. Este material ajuda a preencher as irregularidades dos canais e a criar uma vedação hermética, prevenindo reinfecção.
Blindagem dos Canais: A técnica de blindagem envolve a aplicação de um material restaurador que sela a entrada dos canais e fortalece a estrutura do dente, prevenindo fraturas coronárias.
8. Finalização
Restabelecimento da Coroa: Dependendo da condição do dente, uma restauração temporária ou definitiva é realizada. Restaurações temporárias são comuns após tratamento endodôntico para monitorar a resposta do dente antes de uma restauração definitiva, como uma coroa.
Radiografia Final: Uma radiografia periapical é tirada após a obturação para verificar a qualidade do selamento dos canais e a adequação do tratamento.
Instruções Pós-Operatórias: O paciente recebe orientações sobre cuidados após o procedimento, possíveis sintomas e a necessidade de acompanhamento. Agendamentos futuros são marcados para monitorar a resposta do tratamento e planejar restaurações definitivas.
Considerações Finais:
Cada etapa do tratamento endodôntico deve ser realizada com precisão e cuidado para garantir a completa remoção do tecido pulpar infectado, desinfecção e selamento dos canais radiculares. O uso de técnicas adequadas e materiais de qualidade, como limas Race Evo e Neofile, além do selador Sealapex, são cruciais para o sucesso a longo prazo do tratamento endodôntico.
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