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O tratamento endodôntico pode reduzir a expectativa de vida do paciente?

No post de hoje, eu compartilho o artigo que foi publicado no jornal da AORP (Agosto 2021), no qual descrevo baseado na ciência sobre a importância de realizar um tratamento endodôntico para não comprometer a saúde geral do paciente.

A tecnologia na endodontia tem evoluído muito nestes últimos anos ? A resposta é até bem fácil de responder, sim e ela já faz deste da década de 80 quando começou um novo ciclo de tecnologia aplicada a endodontia. Quando falamos de tecnologia pensamos primeiramente em motores, limas em NiTi cada vez mais flexível e confiável mas o avanço tecnológico não só ocorre nesta área. Bem discretamente a evolução tecnológica nos permitiu conhecer muito melhor o nosso inimigo, assim como o terreno aonde ele se hospeda. Com essas informações de microbiologia, anatomia, histologia, radiologia e a constante presença do senso clinico nos permitiu conhecer muito a fundo os nossos inimigos e como ele interage e domina o hospedeiro. Isto só foi possível com o desenvolvimento tecnológico que podemos citar por exemplo, exames de PCR, tomografia computadorizada Cone Beam, microCT e outras maravilhas tecnológicas que não a vimos todos os dias mas estão presentes direta ou indiretamente no sucesso do tratamento endodôntico. Os avanços tecnológicos permitiram reforçar a bases no tratamento endodôntico, agora sabendo quem são os nossos inimigos, como habitam e interagem com o hospedeiro, podemos fazer um diagnóstico preciso e prever o prognostico, então com o auxilio da tecnologia se ergue as pilastras que sustentaram o tratamento endodôntico e permitiu expandir as pesquisas além do endodonto. Com isso podemos estudar os efeitos sistêmicos de um fracasso endodôntico sobre o organismo.

Já havia muita suspeita de interação de infecções endodônticas com doenças ou alterações no funcionamento do organismo.

O primeiro trabalho a comprovar essa interação foi o trabalho do Prof. Gilberto Debilian, publicado em 1997 "Characterization and Tracing of Microorganisms from Bacteremia and Fungemia of Patients Undergoing Endodontic Therapy” que comprovou por exame de DNA que as bactérias que estavam presentes na infecção endodôntica conseguem cair na corrente sanguínea ou seja de causar uma septicemia transitória e se alojar no coração causando a endocardite bacteriana e nos trabalhos mais recente sobre a arteriosclerose demonstram que para que ocorrer no paciente precisa ter valores altos de lipídios mas devem ter também processos inflamatórios nas artérias que uma septicemia de origem endodôntica pode acelerar esses processo que foi muito explicado no trabalho de 2014 pelo Prof. Bernhard Glodny. Já o levamento realizado pelo Prof. J.D. Beck com mais 1300 paciente submetidos ao tratamento endodôntico mas não foram atingidos os critérios de sucesso, destes 913 apresentavam algum problema cardiovascular já instalado que quando comparado com os pacientes que tiveram sucesso endodôntico que foram selecionados 1300 apenas 65 casos demonstrando a interação entre o fracasso endodôntico e as doenças já citadas aqui. Então já esta bem estabelecido que um canal mal executado pode comprometer o sistema cardio-circulatório e com isso comprometer a expectativa de vida do paciente.

Outro artigo publicado na revista Nature, com o titulo:

Neste trabalho, o efeito dos microAVC (CMBs) são um importante fator de risco para derrame e demência. A proteína Cnm da superfície de ligação ao colágeno, expressa em Streptococcus mutans cnm positivo, está envolvida no desenvolvimento de CMBs. No entanto, não está claro se a atividade de ligação ao colágeno de S. mutans cnm-positiva está relacionada à natureza dos CMBs ou ao comprometimento cognitivo. Duzentos e setenta e nove residentes da comunidade (70,0 anos) foram examinados quanto à presença ou ausência de S. mutans cnm-positivos na saliva por PCR e atividade de ligação ao colágeno, CMBs e função cognitiva. S. mutans Cnm-positivos foram detectados com maior frequência entre indivíduos com CMBs (p <0,01) do que aqueles sem. O risco de CMBs foi significativamente maior (odds ratio = 14,3) no grupo com S. mutans expressando atividade de ligação ao colágeno, em comparação com o grupo sem esse achado. CMBs profundos foram mais frequentes (67%) e a função cognitiva foi menor entre os indivíduos com S. mutans cnm-positivos que expressam atividade de ligação ao colágeno. Este trabalho apoia o papel da saúde bucal no acidente vascular cerebral e nos problemas cognitivos e propõe um mecanismo molecular para a interação.

A endodontia temos a presença de S. mutans em grande quantidade principalmente na fase de Shift microbiano descrito por Marsh e Martin em 1992 que em paciente pode elevar a possibilidade de acidente vascular cerebral e acentuar os problemas cognitivos.

Hoje já temos trabalhos que indicam que o fracasso endodôntico com alterações nos níveis de glicemia causando problemas ou acentuando a diabetes do paciente.

Como vimos temos que ter muita responsabilidade na condução de uma endodontia então é de suma importância que alem de realizar o tratamento endodôntico devemos realizar a preservação de controle depois de 6 meses, 1 ano e 2 anos. Para evitar a perda de expectativa de vida do seu paciente.



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