A remoção de pinos intrarradiculares metálicos utilizando a tecnologia ultrassônica representa um avanço significativo na endodontia, permitindo uma abordagem menos invasiva e mais precisa. Para realizar este procedimento, é necessário um conjunto específico de instrumentos e uma técnica cuidadosamente planejada, baseada em evidências práticas. A seguir, apresento uma descrição didática e fundamentada deste processo:
Seleção de Materiais
Fresas 556 ou 557: Estas fresas são essenciais para acessar a linha de cimentação, que é o limite onde o pino metálico está aderido ao dente. A escolha entre uma fresa 556 ou 557 depende da preferência do operador e da anatomia do dente tratado. A fresa transmetal cilíndrica da Maillefer é especialmente projetada para cortar metais com eficiência, reduzindo o risco de danificar o dente durante o acesso.
Fresas LN: O uso opcional dessas fresas visa a remoção adicional de cimento ao redor do núcleo metálico. A remoção eficaz do cimento é crucial para diminuir a adesão do pino ao canal radicular, facilitando sua extração.
Ponta C2T ou T1T da CVDentus: Estas ponta são projetadas para trabalhar em conjunto com o ultrassom, otimizando a remoção do pino. A escolha da ponta correta é fundamental para garantir que a energia ultrassônica seja transmitida de maneira eficaz ao material que se deseja remover.
Configuração do Ultrassom
Potência do Ultrassom: Ajustar a potência entre 70% a 90% é crucial para assegurar que a energia ultrassônica seja suficiente para provocar a vibração do pino e do cimento, sem causar danos ao dente mas sempre devemos iniciar em 70% e evitar ao máximo potências maiores que 90% nos ultrassons da CVDentus ou nos importados, já os nacionais pode colocar 100% mas a transmissão de ondas será menor. A seleção da potência deve levar em consideração a resistência do material a ser removido e a sensibilidade do paciente.
Solução Irrigadora: A água destilada é preferida como solução irrigadora devido à sua pureza, que minimiza o risco de contaminação. A irrigação adequada é essencial para manter o campo operatório limpo e para resfriar a ponta ultrassônica, prevenindo o superaquecimento.
Regulagem para Irrigação: Ajustar a irrigação no mínimo é importante para evitar o excesso de água, que pode dificultar a visualização do campo operatório e diluir a eficácia da vibração ultrassônica.
Técnica Passo a Passo
Exposição da Linha de Cimentação: A remoção precisa do núcleo metálico para expor a linha de cimentação é o primeiro passo crítico. Esta etapa requer habilidade para evitar a remoção excessiva de estrutura dentária saudável.
Remoção do Cimento: A eficácia na remoção do cimento determina a facilidade com que o pino pode ser extraído. A técnica deve ser meticulosa para assegurar que o máximo de cimento seja removido sem danificar o dente. Este passo deve ser realizado quando temos pinos maiores de 14mm intracanal que são raros.
Perfuração e Posicionamento da Ponta Ultrassônica: A criação de um orifício para o posicionamento da ponta ultrassônica deve ser feita com precisão, garantindo que a ponta possa ser inserida adequadamente sem comprometer a estrutura do núcleo.
Ativação do Ultrassom e Remoção do Pino: A ativação do ultrassom deve ser feita com cuidado, aplicando uma força controlada e monitorando constantemente a resposta do paciente. A técnica de tracionamento para incisal deve ser realizada com delicadeza para evitar a aplicação de força excessiva e sempre ao longo eixo do dente.
Considerações Finais
A técnica de remoção de pinos intrarradiculares metálicos com o uso de ultrassom exige não apenas o domínio dos aspectos técnicos, mas também uma compreensão profunda dos princípios físicos que regem a vibração ultrassônica e sua interação com os materiais dentários. A prática baseada em evidências e a constante atualização sobre as inovações tecnológicas são fundamentais para o sucesso deste procedimento.