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Um Guia Passo a Passo para Dominar a Urgência Endodôntica.

Dominando a Urgência Endodôntica: Um Guia Passo a Passo


Introdução:


A urgência endodôntica é uma condição que exige uma abordagem rápida e precisa para aliviar o desconforto do paciente e preservar a saúde bucal. Como professor de pós-graduação em endodontia e dedicado criador de conteúdo, é essencial fornecer um guia abrangente para dominar o manejo dessas situações críticas. Este texto oferecerá um passo a passo que servirá como referência valiosa para os profissionais de odontologia enfrentarem com confiança as urgências endodônticas.



Diagnóstico

Passo 1: Diagnóstico Rápido e Preciso


O diagnóstico na urgência endodôntica é a pedra angular para um tratamento eficaz. Um exame clínico meticuloso, aliado à anamnese detalhada, é fundamental para identificar a origem do desconforto do paciente. Inicie a avaliação com uma revisão minuciosa da história médica e odontológica, priorizando a identificação de sinais de infecção, trauma ou história pregressa de intervenções endodônticas.


Ao realizar o exame clínico, concentre-se na avaliação da dor à percussão, sensibilidade à palpação, e examine possíveis edemas ou alterações na mucosa oral. Utilize instrumentos adequados para testar a vitalidade pulpar e avalie a resposta aos testes térmicos que é de fundamental importância para definir se estamos em um dente com inflamação apresenta com vitalidade positivo ou um dente com a polpa necrosada ou seja inflamado e infeccionado aonde o tratamento é mais complexo.


A radiografia é uma ferramenta essencial nesse estágio, permitindo a visualização de possíveis lesões periapicais, fraturas radiculares ou outras anormalidades anatômicas. Adote uma abordagem crítica ao interpretar as radiografias, integrando informações clínicas e radiográficas para um diagnóstico abrangente.

Considere, ainda, a utilização de técnicas avançadas, como a tomografia computadorizada, quando necessário, para obter informações tridimensionais detalhadas em casos complexos. Lembre-se de que a precisão diagnóstica é crucial para orientar o plano de tratamento subsequente.


Ao abordar o primeiro passo, enfatize a importância de permanecer atualizado com as últimas pesquisas e desenvolvimentos em métodos diagnósticos, garantindo uma abordagem informada e precisa diante das urgências endodônticas. Isso não apenas fortalece a base do tratamento, mas também evidencia o compromisso contínuo com a excelência clínica na prática endodôntica.


Ao enfrentar uma urgência endodôntica, a habilidade de diagnosticar com rapidez e precisão é fundamental. Baseando-se em artigos importantes e evidências científicas, destaque a importância de uma anamnese detalhada, exames clínicos e radiográficos. Isso permitirá uma compreensão aprofundada do problema e orientará as decisões subsequentes. Sendo o teste de sensibilidade de fundamental importância para diferenciar os canais apenas inflamados (teste de sensibilidade positivo) dos infeccionados (teste de sensibilidade negativo) somado ao quadro de dor podemos classificar as patologias e como consequência o tratamento adequado.


Quais são os diagnósticos possíveis:

Diagnóstico

Teste de sensibilidade

Tipo de dor

Presença de lesão periapical

Medicação sistêmica recomendada

Tratamento sugerido

Pulpite Reversível

Positivo

Apenas Provocada

Não

Analgésico

Restaurador Capeamento direto ou indireto

Pulpite Irreversível

Positivo

Intensa localizada

Não

Nenhuma

Remoção da polpa, limpeza dos canais e curativo.

Periodontite apical Assintomática

Negativo

Ausente

Pode ter ou não

Nenhuma

Limpeza dos canais e curativo.

Periodontite apical Sintomática

Negativo

Moderada

Pode ter ou não

Nenhuma

Limpeza dos canais e curativo.

Abcesso apical

Negativo

Intensa podendo haver edema facial

Não

Clavulin 500mg de 8/8h por 7 dias e Arcoxia 90 mg um comprimido ao dia por 5 dias

Limpeza dos canais, limpeza do forame, drenagem via canal e curativo.

Abcesso Fenix

Negativo

Intensa podendo haver edema facial

SIM

Clavulin 500mg de 8/8h por 7 Flotac 70 mg um comprimido de 8/8h por 5 dias

Limpeza dos canais, limpeza do forame, drenagem via canal e curativo.

Flare-Up

Negativo

Intensa podendo haver edema facial

Pode ter ou não

Clavulin 500mg de 8/8h por 7 Flotac 70 mg um comprimido de 8/8h por 5 dias

Limpeza dos canais, limpeza do forame, drenagem via canal e curativo.


A importância de um diagnóstico preciso no tratamento de emergência para dores de origem endodôntica é destacada na figura apresentada. Os elementos coloridos em verde ilustram dentes que estão inflamados, onde a polpa dental ainda está viva. Isso significa que o nível de infecção é bastante baixo, quase inexistente. Por outro lado, os elementos em vermelho indicam uma situação bem diferente. Estes são dentes que apresentam uma alta taxa de infecção. Nos casos em que ocorrem abscessos, a infecção se estende para além do canal radicular, estando presente tanto dentro quanto fora dele. Essa condição exige uma abordagem de tratamento dupla: a limpeza meticulosa do canal radicular para eliminar a infecção local e o uso de antibióticos específicos para combater a infecção de maneira sistêmica. Este processo destaca a importância de identificar corretamente a condição do dente, pois o sucesso do tratamento emergencial depende diretamente da precisão do diagnóstico inicial.



tratamento

Passo 2: Tratamento Provisório.


O tratamento provisório desempenha um papel crucial na estabilização imediata do paciente e prepara o terreno para a intervenção endodôntica definitiva. Este passo envolve procedimentos específicos respaldados por artigos importantes e técnicas consolidadas na área de endodontia.


Temos 3 condutas diferentes para o tratamento das urgências endodônticas:

  1. Para as pulpites irreversíveis.

  2. Para a periodontites

  3. Para os abscessos


Para a pulpite irreversível:




Clique nas imagens para ampliar.



Para as Periodontites:




Clique nas imagens para ampliar


Para os Abcessos:



Clique nas imagens para ampliar.


Curativos e Medicações Intracanais Temporárias:

1. Hemostasia e Secagem Adequadas: Ao iniciar o tratamento provisório, assegure-se de realizar uma hemostasia eficaz e garantir uma secagem meticulosa da cavidade, após a pulpotomia. Isso é crucial para a eficácia dos materiais subsequentemente aplicados.


2. Drenagem do liquído purulento do interior do canal. Após a limpeza dos canais radiculares em dentes com abcessos devemos realizar a drenagem apical ultrapassando o forame permitindo que a drenagems seja via canal mas isso somente é possível nas fases iniciais do abcesso.


3. Selamento Temporário do Canal Radicular: Utilize materiais adequados para selar temporariamente o canal radicular, evitando a entrada de contaminantes e mantendo a desinfecção.


4. Medicação Intracanal Temporária: Dentes com a polpa inflamada o curativo de escolha seria o hidróxido de cálcio. Os dentes com polpa necrosada e infectada além da limpeza do canal devemos colocar um curativo de demora com o hidróxido de cálcio com PMCC e nos casos de abcessos devemos prescrever um antibiótico e anti-inflamatório.


Restaurações Temporárias:

1. Restauração Provisória da Cavidade: Após o tratamento endodôntico provisório, é crucial restaurar temporariamente a cavidade para manter a integridade estrutural do dente. Por Exemplo o Bioplic ou ionômero de Vidro.

2. Orientações para o Paciente: Forneça instruções claras para o paciente sobre cuidados pós-tratamento, incluindo a importância de evitar mastigar alimentos duros no dente tratado provisoriamente e a necessidade de retornar para a intervenção definitiva.



Controle da dor

Passo 3: Controle da Dor


O controle da dor desempenha um papel crucial no gerenciamento das urgências endodônticas, proporcionando alívio imediato ao paciente.


Abordagens Farmacológicas:

1. Analgésicos Adequados: Prescreva analgésicos de acordo com a intensidade da dor e a condição médica do paciente, baseando-se em diretrizes e estudos clínicos que respaldem a eficácia e segurança dos medicamentos escolhidos.


2. Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Destaque a utilidade dos AINEs na redução da inflamação e alívio da dor. Oriente sobre a administração adequada e considere fatores individuais, como histórico de alergias e interações medicamentosas. Por exemplo: Flotac 70mg, Arcoxia 90mg e Tramal 50mg.


3. Anestesia Local Controlada: Em casos específicos, a aplicação de anestesia local pode ser uma ferramenta eficaz para controlar a dor aguda. Explique as considerações apropriadas para essa abordagem, levando em conta a segurança e eficácia. Por exemplo a Articaína a 4%.


4. Antibióticos: Em abcessos devemos utilizar um antibiótico adequado em função do tipo de infecção que temos, neste caso devemos utilizar a Amoxicilina 500mg associada ao clavulanato de potássio. Quer saber sobre pacientes alérgicos? Clique aqui.


Técnicas Não Farmacológicas:

1. Técnicas de Relaxamento: Introduza técnicas de relaxamento, como respiração controlada e visualização, para reduzir a ansiedade do paciente e contribuir para o controle da dor.

2. Crioterapia ou Termoterapia Localizada: Explore a aplicação de compressas frias ou quentes, dependendo da condição específica, para proporcionar alívio adicional ao paciente. Fases iniciais compressas frias, fases finais compressas quentes.



paciente conversando

Passo 4: Comunicação Eficaz com o Paciente


A comunicação eficaz desempenha um papel crucial na gestão de urgências endodônticas, proporcionando ao paciente compreensão e confiança durante todo o processo.


Diagnóstico Compartilhado:

1. Discussão Transparente do Diagnóstico: Comunique ao paciente os resultados do diagnóstico de maneira clara e acessível, evitando jargões técnicos excessivos. Utilize recursos visuais, como radiografias, para auxiliar na compreensão do problema.

2. Envolvimento Ativo do Paciente: Incentive perguntas e esclareça dúvidas do paciente. Estimule uma abordagem colaborativa, onde o paciente compreende a gravidade da situação e está engajado no plano de tratamento proposto.


Plano de Tratamento Transparente:

1. Explicação Detalhada do Plano de Tratamento: Descreva de forma abrangente o plano de tratamento proposto, destacando as etapas, os objetivos e as expectativas. Utilize analogias simples, relacionando o tratamento à resolução do problema para maior compreensão.

2. Alternativas e Implicações: Discuta possíveis alternativas de tratamento, quando aplicável, e esclareça as implicações de cada opção. Isso capacita o paciente a tomar decisões informadas sobre sua saúde bucal.


Abordagem Empática:

1. Empatia e Compreensão: Demonstre empatia em relação à ansiedade e preocupações do paciente. Use uma linguagem que transmita compreensão e tranquilidade, validando as emoções do paciente durante o processo.

2. Gerenciamento de Expectativas: Estabeleça expectativas realistas quanto ao desconforto pós-tratamento, prazos e resultados. Isso cria confiança e minimiza surpresas desagradáveis.


Follow-up e Suporte:

1. Provisione Informações para Follow-up: Forneça informações claras sobre os próximos passos, incluindo datas de consultas de acompanhamento e orientações para situações de emergência.

2. Disponibilidade para Dúvidas Pós-Consulta: Certifique-se de que o paciente se sinta à vontade para entrar em contato em caso de dúvidas ou preocupações pós-consulta. Esta disponibilidade reforça o compromisso com a saúde e bem-estar do paciente.



Final

Passo 5: Encaminhamento Adequado para Tratamento Definitivo.


O encaminhamento adequado é o último passo crítico no manejo das urgências endodônticas, assegurando que o paciente receba o tratamento definitivo necessário para a resolução eficaz do problema.


Critérios para Encaminhamento:

1. Avaliação Abrangente: Baseie o encaminhamento em uma avaliação abrangente do caso, considerando fatores como a complexidade da condição, necessidade de tratamento cirúrgico, ou envolvimento de estruturas adjacentes.


2. Colaboração Interdisciplinar: Em casos que envolvem desafios além da esfera endodôntica, destaque a importância da colaboração interdisciplinar. Isso pode incluir encaminhamentos para periodontistas, cirurgiões bucomaxilofaciais ou outros especialistas, conforme necessário.


Comunicação com o Especialista:

1. Relato Detalhado do Caso: Ao encaminhar o paciente para tratamento definitivo, forneça um relato detalhado do caso, incluindo dados do diagnóstico, tratamento provisório realizado e qualquer informação relevante que possa orientar o especialista.

2. Estabelecimento de Expectativas: Comunique ao paciente o motivo do encaminhamento e estabeleça expectativas claras quanto ao papel do especialista, os procedimentos a serem realizados e o plano de acompanhamento.


Seguimento e Cooperação:

1. Acompanhamento Ativo: Demonstre interesse no acompanhamento do paciente após o encaminhamento. Isso não apenas fortalece a relação entre os profissionais, mas também assegura uma continuidade de cuidados ao paciente.

2. Feedback e Discussão de Casos: Mantenha canais abertos de comunicação com o especialista, proporcionando feedback sobre o caso e discutindo abordagens colaborativas para otimizar a qualidade do atendimento.


Orientações Pós-Tratamento:

1. Instruções para Cuidados Pós-Tratamento Definitivo: Forneca ao paciente instruções detalhadas sobre os cuidados pós-tratamento definitivo, destacando a importância do cumprimento das orientações e agendamento de consultas de acompanhamento.

2. Disponibilidade Contínua para Dúvidas: Assegure ao paciente que você permanece à disposição para esclarecer dúvidas mesmo após o encaminhamento, promovendo uma transição suave e tranquilizadora.

Ao abordar o quinto passo, destaque a responsabilidade compartilhada na busca pelo melhor resultado para o paciente.




Tabela de diagnóstico endodôntico.
Tabela de diagnóstico endodôntico

 
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